Dele se diz, numa única palavra, tudo o que há para dizer: a "Voz". Paulo de Carvalho mereceu, ao longo de mais de três décadas de carreira, este epíteto. Curiosamente a sua carreira musical não começa exactamente pelo canto, mas sim pela percussão, nos célebres Sheiks, onde era baterista, fazendo back-vocals. Carlos Mendes era o vocalista do grupo. Mas a sua voz é incontornável e rapidamente lhe assegura popularidade como cantor. Vindo da música pop, Paulo de Carvalho vai ser um dos expoentes máximos do Festival RTP da Canção, que conquista em 1974, após anteriores prestações memoráveis. Com E Depois do Adeus, que será uma das senhas do 25 de Abril, o cantor conquista, em definitivo, um lugar na história da música ligeira. E essa era só mais uma das etapas da sua carreira. Após um período marcado pelo empenhamento político (como era aliás próprio da época pós-revolucionária) Paulo de Carvalho parte de novo em busca de caminhos próprios. Com MPCC (título que resume as iniciais do seu nome) aventura-se na composição. Este seu novo talento servirá muitos outros artistas. Sem nunca deixar os Festivais, Paulo de Carvalho vai experimentar um conjunto muito vasto de influências e géneros musicais, que, ao longo dos anos, vão passar pela música negra norte-americana, pelo funky, pela música africana, pelo fado. Em todos estes géneros consegue criar marcos importantes na música portuguesa devido à qualidade excepcional da sua voz e da sua inteligência interpretativa. Para alguns críticos, as potencialidades de Paulo de Carvalho foram servidas por uma carreira nem sempre bem orientada. Para muitos outros, certamente para o seu público, o excepcional cantor e o assinalável compositor navegaram por muitas águas musicais... mas sempre na crista da onda.